terça-feira, 12 de julho de 2011

Derrière le miroir

Há algo de mágico - e terrível - nessas horas que me ponho só.

Depois do "clic" estrondoso da porta se fechando, o alívio de pôr ao chão aquela máscara pesada, de quem está "muito bem sim, apesar das circunstâncias". Porque, cá entre nós, não há quem não sofra um bocado em silêncio. Há sempre uma pontada de descontentamento que, por mais que se conte a terceiros e que se anote o "passo-a-passo" dos conselhos recebidos, sempre permanece.

E, havendo descontentamento, há de existir sofrimento. E, existindo sofrimento, há de se supor que esse se manifeste na sua forma mais cruel quando estamos sozinhos. Não sei, mas nunca tive muito sucesso nessa de enganar a mim mesma. Sempre tem uma vozinha racional, perturbadora, que insiste em detectar e classificar como falso todo e qualquer sorriso que não venha da alma. E aí sou eu de frente ao espelho (a clássica metáfora da literatura!). Enxugo todos as lágrimas sozinha e depois, lenta e dolorosamente, me ponho a desatar todos esses nós de angústia que unham, comprimem e sufocam minhas entranhas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

São meus também

Não é nada, já disse. Só gosto de te olhar. Você vai rir, eu sei, mas há uma certa magia, algo instigante que me faz mergulhar nos seus olhos. Sinto como se eu fosse sugada. É sério... não me olhe assim, com essa cara de quem quer dizer "você é louca". Não me impressionaria se você dissesse que não sou a primeira a me perder no seu olhar e, se agir assim é loucura, não ligo de ir pro manicômio agora mesmo. No manicômio eu posso ficar assim, o dia inteiro, olhando você? Talvez 24 horas seja o que falta para eu conseguir te desvendar. Ler você em cada desejo, em cada mínimo sentimento, comer com os olhos cada um dos seus pensamentos, me encontrar, me perder. Não foi você quem disse que somos um? Vem cá, deixa eu beijar esses olhos. Pronto, pode ir.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mais do mesmo

A vontade súbita de não soltar do abraço. O adeus que sempre vem, depois de duas semanas ou, nos tempos raros, de um mês. Os olhos embevecidos de lágrimas disfarçadas, que é pra amenizar o sofrimento, que é para a despedida ser "até logo". "Boa viagem". Boa viagem como, se não vamos juntos? De que forma, se a vontade que tenho é de sair correndo ao seu encontro a cada vez que você passa por uma portinha escrito "embarque"?

Mas acostumamos. E, a cada vez que isso passa, torcemos para que o próximo "olá" seja definitivo. Tempos melhores virão, e é nisso que nos apoiamos. Tempos melhores. 

Enquanto isso, o nó na garganta e a certeza de ter de seguir em frente. 
Até logo, vai. Até...